sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

[37] Especulação imobiliária

Tinha alguma curiosidade em ler a entrevista que o empresário António Varela concedeu ao jornal “O Mirante”, publicada na edição de ontem 17.01.2008. Muito por culpa do destaque que a edição online do jornal vinha fazendo relativamente ao facto do entrevistado afirmar que não se dedica à especulação imobiliária: «O que faço não tem nada a ver com especulação imobiliária», dixit.

Gostaria, pois, de saber qual o entendimento que o proprietário de 650 hectares de terreno junto à Ota faz de “especulação imobiliária”, já que o meu poderia ser diferente. Atente-se a este excerto da entrevista:

«Comprou muitos terrenos a baixo preço que não tinham qualquer aptidão e que depois foram muito valorizados. Isso é especulação…
O especulador é alguém que compra determinado bem que depois o vai vender pelo melhor preço que conseguir sem acrescentar qualquer valor patrimonial [negrito meu]. E existem muitos. O que faço não tem nada a ver com especulação imobiliária. Não sou vendedor de terrenos. Os espaços que comprei estavam destinados nos planos directores municipais à indústria, comércio ou habitação e se vender um lote já desenvolvi todo o processo de legalização e infra-estruturação.»

Não conheço em que situação se encontram os 650 hectares na Ota. Não sei se, a essa área, foi acrescentado algum valor patrimonial. Sei, unicamente, que este empresário é proprietário (através de empresas suas ou de fundos de investimento imobiliário) de cerca de uma dezena de lotes de terreno na Zona de Actividade Económicas de Almeirim, sem que neles tenha sido acrescentado qualquer valor patrimonial. Foram adquiridos e vedados, estando ao abandono, alguns com placas onde se lê a palavra “VENDE-SE”.

E não se tratam de uns lotes quaisquer. Para além de serem de dimensões consideráveis, localizam-se onde, dentro em breve, passará a Circular Externa de Almeirim, em cada um dos seus lados, aumentando em muito o seu valor de mercado. Para não falar nos lotes que foram alienados para a implementação do Feira Nova. De certeza que não foram vendidos ao preço de custo. É claro que estes lotes foram adquiridos com um único propósito: vendê-los, no futuro, a preços de mercado, criando assim mais-valias para o seu proprietário.

Não será isto especulação imobiliária?

Sem comentários: