quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Francisco Sá Carneiro - 28 anos após a sua morte



Desde há 28 anos a esta parte que, nesta data, os portugueses recordam e evocam Francisco Sá Carneiro.

Relembro, aqui, o texto escrito por mim e publicado no jornal "O Almeirinense" aquando do 26.º aniversário da morte deste grande Homem, como afirmei em entrevista também a este periódico, aquando da minha eleição para Presidente do Partido Social Democrata de Almeirim, publicada na edição de 01 de Novembro de 2004:
"No entanto, o dia 4 de Dezembro de 1980 é, para mim, um marco histórico. Apesar de na altura ter apenas oito anos, penso que foi aí que comecei a interessar-me pela política. A morte do Dr. Francisco Sá Carneiro marcou-me muito. Daquilo que me foi dado a conhecer, era uma pessoa íntegra, um Homem com “H” grande."
A 4 de Dezembro de 1980, uma brilhante e promissora carreira política foi interrompida abruptamente. Impõe-se, vinte e seis anos depois, recordar Francisco Sá Carneiro. Para tal, este texto contará com excertos de declarações de pessoas que conviveram de perto com ele.

Muitas vezes me interrogo: como seria Portugal se Francisco Sá Carneiro tivesse vivido?

Não é, obviamente, possível responder com exactidão. Uma coisa porém é certa: se Sá Carneiro não tivesse morrido, Portugal estaria melhor. Melhor não apenas no que respeita ao desenvolvimento e às estatísticas económicas e financeiras mas, sobretudo, no que respeita à diminuição das injustiças sociais e à criação de igualdade de oportunidades, nas várias etapas da vida social e profissional.

“Essa é afinal a palavra de ordem da social-democracia: a liberdade é essencial mas, sem igualdade, a liberdade plena nunca será alcançada.” (Francisco Pinto Balsemão, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“Francisco Sá Carneiro foi um líder. Pode-se dizer que foi em Portugal o primeiro governante a compreender, de maneira intuitiva e envolvente, a necessidade de separar a política da filosofia crítica dos partidos; para lhe dar um impulso realista que poderia inspirar uma educação útil.” (Agustina Bessa-Luís, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“Francisco Sá Carneiro era uma personalidade fascinante. Não só pela sua cultura e berço, mas também pela fé que tinha em Portugal e nos Portugueses, que o levava a adoptar na política uma postura dialéctica de combate activo.” (Alberto João Jardim, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

[sobre uma conversa em que Francisco Sá Carneiro se mostrou disponível a abdicar de ser indigitado Primeiro-Ministro, devido ao facto de viver com Snu Abecassis]
“Nunca conheci ninguém, em Portugal ou no estrangeiro, que, à beira de uma vitória eleitoral estrondosa, fosse capaz de mostrar tanta honestidade pessoal, tanta lealdade para com os parceiros de coligação, e tanto desapego ao Poder!” (Diogo Freitas do Amaral, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“De Francisco Sá Carneiro quero recordar, antes de mais, quem, de 1969 a 1973, se bateu, sem descanso e sem virar a cara, pela liberdade e pela democracia. Creio que ninguém de boa fé poderá negar a importância dessa luta desigual para a criação de condições que tornaram possível a vida democrática em Portugal. Luta pela liberdade e pela democracia que o após 25 de Abril de novo o viria a obrigar.” (Magalhães Mota, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“Dizia ele [Francisco Sá Carneiro]: ‘a política sem ética é uma vergonha’. Como cidadão, como líder partidário, como estadista, numa palavra, como político, Francisco Sá Carneiro foi sempre, na defesa dos valores da liberdade, da justiça e da cultura, uma pessoa constitucionalmente moral em que se conjugavam um ética de convicção com uma ética de responsabilidade.” (Miguel Veiga, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“Francisco Sá Carneiro fez muita falta a Portugal. E fez muita falta, entre outras, por uma simples e fundamental razão: com ele presente, tudo teria mais elegância, mais elevação, mais entusiasmo.” (Pedro Santana Lopes, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

“Sá Carneiro merece ser lembrado por ter sido um dos criadores – o mais importante – de um grande partido político e um dos principais factores da estabilização da democracia depois do 25 de Abril. Mas a sua grandeza está, sobretudo, em ter sido um homem na plenitude da sua condição.” (Pedro Roseta, Sá Carneiro – Pensamento, Visão e Alma – 40 depoimentos)

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