terça-feira, 6 de novembro de 2007

[4] Santana vs. Sócrates


Questionaram-me, há pouco tempo, porque razão não escrevi sobre o que se passou no PSD e que levou Luís Filipe Menezes à liderança do partido. Devo dizer que foi naquela fase de falta de vontade de escrever, pelo que algumas reflexões sobre esse período (o antes, o durante e o após), verão a ver a luz do dia, num futuro não muito longínquo. Escreverei, entretanto, ainda nesta semana, sobre o processo eleitoral na distrital de Santarém, até porque tendo tomado o partido de uma das listas, devo explicar o porquê desse apoio.

Por falar em PSD, o que chama a atenção hoje, 6 de Novembro, é a estreia de Pedro Santana Lopes (PSL) como líder da bancada parlamentar do PSD num grande debate – o da generalidade do Orçamento de Estado para 2008. Pela primeira vez, um ex-Primeiro-Ministro assume as funções de deputado e líder do seu grupo e defronta, na Assembleia da República, aquele que lhe sucedeu no lugar. Se tiver tempo e se o ADSL permitir, seguirei com atenção através da transmissão em directo pela internet.

Devo dizer que tenho grandes expectativas relativamente a este debate. Durante dois anos e meio, José Sócrates não teve, da parte do PSD, uma oposição aguerrida, que expusesse os pontos fracos da governação socialista. Porque as oposições, para além de terem que ser sérias, honestas e coerentes (como foi a do PSD de Marques Mendes), também têm que ter chama. E foi isso que faltou ao PSD durante este tempo.

O élan que levou Sócrates e o PS à maioria absoluta e o seu estado-de-graça posterior há muito que se começou a desvanecer. O desemprego aumentou, o crescimento económico é insipiente, os problemas sociais aumentam (disso é sinónimo os inúmeros assaltos, muitas das vezes violentos, que temos assistido nos últimos dias). As reformas prometidas foram sendo adiadas e, até ao final deste mandato, dificilmente verão a luz do dia. As mais significativas promessas eleitorais foram esquecidas. Para não falar no clima de medo que se instalou na sociedade portuguesa. Medo de falar, medo de criticar, medo de expressar publicamente as suas ideias e opiniões... Há muito que isto não se via em Portugal!!!

Voltando ao debate parlamentar: PSL é um poço de surpresas! É capaz do melhor e do pior. Mas acredito que todo o ser humano aprende com os seus erros. E ele já aprendeu. Além disso, é um excelente tribuno. Em campanha eleitoral, enquanto Sócrates debitava o que os telepontos lhe diziam, PSL falava de improviso. E, o facto de ser considerado um mau Primeiro-Ministro não significa que seja um deputado medíocre. Antes pelo contrário…

Com Santana e o grupo parlamentar a fazerem o seu melhor na Assembleia da República e com o partido unido em volta da actual liderança, acredito que, como me disse um amigo meu com um sotaque nortenho “Em 2009, o engenheiro Sócrates é [seja] prefeitamente batíbel!!!

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