
Não me causa estranheza esta atitude, dado o extremar de posições bem patente na última sessão da Assembleia Municipal. E, também não me causa estranheza, já que é desta forma que o Presidente da Câmara Municipal (simultaneamente, Presidente da Comissão Política do PS de Almeirim), se vê livre dos seus adversários políticos. Primeiro tinha sido Francisco Maurício, agora foi Armindo Bento. E é bom não esquecer que este esteve para ser alvo dum processo disciplinar há mais de um ano. À data, o líder da concelhia era outro e o assunto "morreu"por ali.
Quando ontem [06.07.2008] li a notícia, lembrei-me do que aconteceu há quase quatro anos, no PSD de Almeirim. Tinha eu sido eleito Presidente da Comissão Política, quando os eleitos do PSD na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal decidiram, por sua exclusiva vontade, solicitar a desfiliação do partido. A direcção local do partido viu-se obrigada a retirar a confiança política àqueles autarcas já que os mesmos se tinham auto-excluído do PSD, passando a representar o auto-intitulado "Grupo de Independentes por Almeirim". Alguns foram tão independentes, que passado um ano, já estavam a figurar num cartaz do PS. Mas isso são contas doutro rosário...
Não existem semelhanças nos dois casos, a não ser a decisão política de retirar confiança a um ou a vários eleitos locais. Bem pelo contrário. O caso presente (Sousa Gomes vs. Armindo Bento) é, a meu ver, para além de uma eventual situação de falta de democraticidade interna, o culminar de um conflito pessoal em que, quem detém o poder, o exerce de forma a afastar quem lhe possa fazer frente. Salvaguardadas as diferenças entre as personagens e os actos praticados, este exercício de poder faz-me lembrar a "Noite das Facas Longas" ou as purgas estalinistas.
Apesar do PS ter maioria na Assembleia Municipal para fazer eleger um novo presidente deste órgão, não creio que Armindo Bento renuncie ao seu lugar de Deputado Municipal. Quem o conhece, sabe que isso está fora de questão. No entanto, com a retirada da confiança política e sem a responsabilidade que o cargo de Presidente da Assembleia Municipal acarreta, poderá ter mais "liberdade de expressão" e tornar-se, ainda, mais incómodo.
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